22/01/17

Eu penso muito, mas falo pouco

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A minha mãe. A minha mãe ultimamente não tem estado bem, não tem sido ela mesmo meu Deus. Desde que perdeu os dois pais no espaço de meio ano, à um ano atrás, ela não tem sido mais a mesma. Não é que ela não reclamasse comigo nem nada do género, é que parece que ela perdeu aquela sua alegria de viver e de se importar. Não me entendam mal, ela importas-se comigo e todos os dias se vê isso mas não sei, algo mudou nela, e não foi para melhor. E eu, sendo a má filha que sou, ao contrário da minha irmã do meio não tenho paciência para a ouvir e eu sei que é disso que ela precisa, alguém que esteja ao lado dela. O meu pai também não ajuda, ele acaba por ser um pouco como eu e chateeia-se quando ela se lembra dos pais. A minha mãe pode não chorar todos os dias, mas sei que sofre cada vez mais e a dificuldade em continuar de pé vai acrescendo dia após dia. Além de mais, a bebida que a minha mãe ingere é superior à comida (não, ela não bebe rios nem nada do género, mas ao jantar algo acontece e o corpo não reage tão bem como ao almoço e ela acaba por ficar diferente) e juntando este facto ao cansaço ela ainda muda mais a pessoa que é. Claro que não ajuda a minha mãe achar que tem sempre razão e quando a tento ajudar ou abrir-lhe os olhos ela irrita-se comigo e não à nada que eu possa fazer. Por estas razões eu tenho realmente muito medo que ela entre em depressão e só peço por tudo que Deus a proteja, porque eu, tendo 40 anos de diferença dela, não a posso perder.
Por isso, desculpa mãe, pelas vezes em que precisas de falar e eu não te oiço. Desculpa mãe, pelas vezes em que me queres dar um conselho e eu ignoro. Desculpa mãe, pelas vezes em que precisas de um abraço, carinho ou apoio e eu não percebo. Desculpa mãe, pelas vezes que choras e sofres sozinha sem ninguém para te dar a mão. Desculpa mãe, por eu ser tão fraca que não saiba como te conquistar de forma a que confies em mim e acredites que embora ausente, eu estarei aqui para o que der e vier. Desculpa mãe, pelas minhas mentiras para satisfazer os meus caprichos. Desculpa mãe, pelas vezes em que eu não te digo o que penso e venho escrever para o blog em vez de te dizer a ti mesma. Desculpa mãe, pela minha falta de coragem. Desculpa mãe.

2 comentários:

TheNotSoGirlyGirl disse...

Oh. Percebo muito bem o que estás a passar. Devias tentar ajudar a tua mãe, porque ao que parece ela está a entrar em depressao e isso é mesmo complicado...

Força!!
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Anónimo disse...

Acho que vou escrever um textão e quase um post, mas vamos lá... Não tens de pedir desculpa, tens sim de tentar mudar a situação. Não é fácil perceber o que ela está a sentir, nem lidar com alguém que perdeu os pais e ainda não superou. Não tens de a ouvir como a tua irmã faz, mas sim, ter a tua própria forma de lidar com ela. Porque por exemplo não tentas interessar-te pelo que ela sente? Como foi o dia dela? Inicialmente não será fácil, porque não terá uma boa reacção e perguntar-se-á o porquê do teu interesse - só terás de lhe dizer que a amas (a vida é curta demais para não o admitirmos). Ela tem de ver em ti uma amiga e alguém que estará perto. Tenta tirá-la de casa, ir até ao jardim (e mesmo que não tenhas interesse nenhum) pergunta-lhe que flores é que tem. Pede-lhe para semanalmente fazer um arranjo de flores/verdes para casa. Tenta mantê-la ocupada com atividades que lhe dão prazer (ou lhe davam), ou que sejam de fácil execução. Ajuda-a nas atividades de casa e vai-lhe contando o teu dia. Absorve-a com as tuas coisas. Pede-lhe ajuda. Ela assim vai focar-se no teu dia-a-dia e não nos pensamentos obscuros dela. Pede-lhe para te ensinar a fazer uma receita. Aproveita o fim de semana, para a teres só para ti e fazeres coisas conjuntas. Durante a semana, arranja tema de conversa e fala-lhe de ti ou de coisas que encontras na internet (com interesse para ela). Fala só com ela e para ela. Se ela por exemplo estiver irritada, não te irrites com ela, tenta acalmá-la e mostra interesse, mesmo que a tua cabeça esteja longe, mas não lhe mudes o foco, porque aí ela vai ficar pior e não te vai ouvir. Nesses casos ela tem de soltar o que está a sentir. Não é fácil, mas ela precisa de deixar os pais irem (mas isso só o tempo ajudará) e precisa de se concentrar no que tem ao lado dela - tu. Tu, que com a tua alegria a tens de levar para o teu mundo. Aproveita, aproveita enquanto a vida te proporciona estares com ela. Aproveita para saberes que fizeste tudo o que estava ao teu alcance para a veres feliz. És criativa, dá a volta à situação

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